domingo, 30 de agosto de 2009

Dia da mulher

DIA DA MULHER


Estamos na primeira semana de março e as chuvas indicam que os agricultores vão ter um bom tempo e nem foi necessário esperar para o dia de São José. Este será um ano bom e, com as bênçãos de São João do Carneirinho teremos milho para as pamonhas e canjicas.

Mas esse início de março também deve nos lembrar que este é o mês dedicado às mulheres. Um grupo de mulheres criou a Mata, a Associação das Mulheres de Nazaré da Mata, a AMUNAM, elas decidiram fazer um movimento para fazer diminuir a violência contra as mulheres, que tem sido uma marca negativa de nossa região, elas se organizaram para dizer que a gente pode ser melhor e mais feliz.

A gente que é artista, criador de poesia, criador de versos, cantadores das belezas de nossas terras, dos céus estrelados e do verde dos canaviais, apesar de tudo que a gente e nossos antepassados já sofremos, não tem sentido a gente ser violento com os filhos e com as mulheres da gente. A gente tem que usar a beleza do Maracatu, o mistério do Cavalo-Marinho, o ritmo do Coco, o balanço da Ciranda para fazer esse mundo em que a gente vive melhor.

Agora que passou o carnaval, e a gente mostrou a beleza de nossa cultura, é tempo da gente fazer a vida da gente mais bonita, mais alegre e mais amigável.

O Programa Canavial deseja que este seja o mês de tranqüilidade de nossas mães, nossas esposas e nossas filhas.

Viva o dia 8 de março, o dia das nossas mulheres!!!

O4/03/09

A cultura do ano todo

Há um frevo que canta a tristeza que vem com a quarta-feira de cinzas, porque ela anuncia o fim do carnaval, momento que havia sido esperado por 360 dias. Acontece que, ao chegar a nova quarta-feira de cinzas tem início mais uma contagem para o próximo Sábado de Zé Pereira anunciando o novo carnaval.
Entretanto, a vida não é apenas carnaval, nem vivemos apenas de nossa participação nos eventos carnavalescos. Ao longo do ano existem cinqüenta semanas que utilizamos para prover as nossas famílias com alimentos e carinhos. Essas semanas serão ocupadas com a produção de nossas artes com cerâmica, com tecidos, com fibras de vegetais, com madeira, com ferro, pois a cultura da Zona da Mata não é formada apenas com as danças dos caboclinhos, dos maracatus, dos bois, das burrinhas e ursos; na verdade, essas e outras danças e teatros como o Cavalo Marinho ou Bumba meu Boi, necessitam das artes da costura, do bonequeiro, dos artesões como um todo. Uma arte nunca existe só por ela, mas a sua existência, a sua permanência só é possível relacionada com as outras artes.
Como montar um banco de Cavalo Marinho sem os artesões que fabricaram os pandeiros, a rabecas, vagens, e todos os instrumentos que são utilizados em todas as outras manifestações de nossa cultura?
Agora que passou o carnaval, é tempo de continuar a transmitir para os mais jovens os segredos de nossa cultura, os versos das figuras, os baques dos maracatus, os movimentos dos caboclos e caboclinhos, as histórias que vieram desde os primeiros tempos das senzalas e, mas antigas ainda, das tribos indígenas dos nossos antepassados. Fazemos isso nas sambadas, nos ensaios e nas apresentações em nossos terreiros ou nos terreiros dos outros, quando somos convidados.
Assim, alegres pelas conquistas, saudamos a todos os maracatuzeiros da Zona da Mata, desde os mais simples até os mais famosos, porque todos nós somos formosos. Parabéns aos caboclos de todas as tribos, das Estrelas, dos Leões, das Águias, das Cambindas, das Piabas, Pavões, Cruzeiros, Sonhos.
Viva o Povo Cultural dos Canaviais.

Primeiro Editorial

EDITORIAL
(para o primeiro programa)

Caros Amigos,

Iniciamos hoje uma nova etapa em nossas relações. É que a gente tem se encontrado de maneira informal, a gente se encontra nas ruas, a gente se encontrou no Festival Canavial, a gente se encontrou nas festas de carnaval e muitas outras. Fazemos parte desse canavial.
O canavial que arrodeia nossas cidades tem sido o lugar de onde muitos de nós tiramos o sustento para as nossas famílias, e isso custa muitas horas e dias de trabalho. Nossos avós já viviam nesses canaviais que foram sendo plantados desde muito tempo. Desde o tempo em que o Brasil ainda não era Brasil.
Houve um tempo que nossos antepassados trabalhavam como escravos nesses canaviais. Embora a situação tenha mudado um pouco, ás vezes a gente chega a pensar que o canavial é um inferno verde.
Uma coisa interessante desse PROGRAMA RADIO CANAVIAL é que ele não acontece somente aqui, mas nas cidades de Nazaré da Mata, Aliança, Vicência e Goiana. A cada semana, nessa hora, nós vamos conversar sobre a nossa vida, os nossos costumes, as nossas brincadeiras, e sobre gente que a gente conhece; ou seja, esta vai a ser a hora da gente conversar sobre a nossa cultura: a Cultura que nasce do trabalho das pessoas que trabalham nos canaviais. E, claro, vamos ouvir a nossa música, a música de nossos artistas, de nossos cantores, dos mestres de nossos maracatus e de nossas cirandas.
O PROGRAMA CANAVIAL é parte de um movimento que está acontecendo na Mata Norte. Um movimento cultural que envolve Pontos de Cultura e os artistas da região. Aqui, a cada semana, a gente vai saber o que a nossa gente estão fazendo os pontos de cultura, onde os nossos artistas estarão se apresentando e vamos ouvir o que eles pensam sobre essa nossa vida.
A gente espera, deseja e quer que você ouça nosso PROGRAMA CANAVIAL, telefone, escreva, nos dê sugestões.
Lembre-se: o PROGRAMA CANAVIAL é um novo vento sobre a Zona da Mata Norte.