domingo, 30 de agosto de 2009

A cultura do ano todo

Há um frevo que canta a tristeza que vem com a quarta-feira de cinzas, porque ela anuncia o fim do carnaval, momento que havia sido esperado por 360 dias. Acontece que, ao chegar a nova quarta-feira de cinzas tem início mais uma contagem para o próximo Sábado de Zé Pereira anunciando o novo carnaval.
Entretanto, a vida não é apenas carnaval, nem vivemos apenas de nossa participação nos eventos carnavalescos. Ao longo do ano existem cinqüenta semanas que utilizamos para prover as nossas famílias com alimentos e carinhos. Essas semanas serão ocupadas com a produção de nossas artes com cerâmica, com tecidos, com fibras de vegetais, com madeira, com ferro, pois a cultura da Zona da Mata não é formada apenas com as danças dos caboclinhos, dos maracatus, dos bois, das burrinhas e ursos; na verdade, essas e outras danças e teatros como o Cavalo Marinho ou Bumba meu Boi, necessitam das artes da costura, do bonequeiro, dos artesões como um todo. Uma arte nunca existe só por ela, mas a sua existência, a sua permanência só é possível relacionada com as outras artes.
Como montar um banco de Cavalo Marinho sem os artesões que fabricaram os pandeiros, a rabecas, vagens, e todos os instrumentos que são utilizados em todas as outras manifestações de nossa cultura?
Agora que passou o carnaval, é tempo de continuar a transmitir para os mais jovens os segredos de nossa cultura, os versos das figuras, os baques dos maracatus, os movimentos dos caboclos e caboclinhos, as histórias que vieram desde os primeiros tempos das senzalas e, mas antigas ainda, das tribos indígenas dos nossos antepassados. Fazemos isso nas sambadas, nos ensaios e nas apresentações em nossos terreiros ou nos terreiros dos outros, quando somos convidados.
Assim, alegres pelas conquistas, saudamos a todos os maracatuzeiros da Zona da Mata, desde os mais simples até os mais famosos, porque todos nós somos formosos. Parabéns aos caboclos de todas as tribos, das Estrelas, dos Leões, das Águias, das Cambindas, das Piabas, Pavões, Cruzeiros, Sonhos.
Viva o Povo Cultural dos Canaviais.

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